No dia 3 de agosto de 2023, a REBRAPESC realizou uma visita técnica a Capela dos Aflitos, situada no atual bairro da Liberdade, em São Paulo, contígua ao Cemitério dos Aflitos (1775-1858), considerada a primeira necrópole pública da cidade, onde foram encontradas nove ossadas na ocasião da construção de um Shopping Center em 2018.
Fomos recebidos por Eliz Alves da União de Amigos da Capela dos Aflitos (UNAMCA), Lucas Almeida e Ariel Tonglet do Museu do Território dos Aflitos, Abílio Ferreira do Instituto Tebas de Educação e Cultura. Nossa conversa girou em torno da história da resistência da Capela às constantes ameaças de apagamento e de destruição, apesar de ter sido tombada como patrimônio estadual e municipal; da devoção popular a Francisco José das Chagas, o Chaguinhas; das memórias da Liberdade como território negro e indígena e das ações previstas pelo Museu Território dos Aflitos na cidade.
Essas instituições cotidianamente resistem e lutam pela preservação de memórias que foram silenciadas por muito tempo. Durante toda a tarde em que estivemos na capela, constantes ruídos de caminhões que descarregavam mercadorias, gritos e buzinas interferiram e sinalizaram um profundo desrespeito ao território sagrado. Mas o desrespeito externo, não conseguiu diminuir a escuta atenta e a admiração que a REBRAPESC tem a esses coletivos que tem feito um trabalho de democratização de memórias fundamental, memórias importantes de serem preservadas para a história do Brasil.
A REBRAPESC apresentou aos coletivos presentes, um pouco sobre o trabalho da rede, nossa missão e, também, sobre a Coalizão Internacional de Sítios de Consciência. Em reunião posterior ao encontro, no dia 16 de agosto, a coordenação da REBRAPESC se reuniu com as museólogas do MTA para compartilhar o passo a passo para se tornar membro da Coalizão e sobre a importância das diversas metodologias de trabalhos de ativação de memórias traumáticas em prol dos direitos humanos.
Cada Sítio de Memória e Consciência realiza o processo de seleção, preservação e comunicação de modo diferente. E isso é uma das coisas mais interessantes dessas instituições de memória.
Vida longa ao processo de ativação das memórias negras e indígenas no bairro da Liberdade. Vamos à luta! Essa é uma missão que precisa do engajamento de toda sociedade.
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