top of page

Projeto Memória e Testemunho participará do Once Upon a Byte: Bridging Collective Imaginary and Technology


A REBRAPESC parabeniza a professora Dra. Virginia Vecchioli, Coordenadora do Projeto Memória e Testemunho na Universidade Federal de Santa Maria, pelo destaque internacional do trabalho em coautoria com Fabiana Seefeldt, Luciana Dimpério, Cibele Facco, Letícia Mazuim, Tauani Bisognin e Pamela Caroline, intitulado Usos de tecnologias interativas e transmidiáticas na recriação de cenários de crimes em massa (Uses of Interactive and Transmedia Technologies in the Recreation of Scnarios of Mass Crimes).




O congresso tem como objetivo examinar a relação entre a imaginação e o aparato tecnocientífico – desde o fogo até a inteligência artificial - que produz transformações radicais em categorias de pertencimento, arquiteturas institucionais, modelos de comportamento, por meio de expedientes que poderíamos definir como "tecno-mágicos". A análise tem como foco as formas em que produtores, autores e diretores usam a tecnologia como elemento narrativo em suas obras; e seu impacto na percepção social e no desenvolvimento de identidades culturais.

 

Conheça um pouco sobre o trabalho que será apresentado:


Usos de tecnologias interativas e transmídias na recriação de cenários de crimes em massa


Nossa análise problematiza a relação entre o imaginário coletivo e os recursos tecnocientíficos utilizados para (re)criar cenários de catástrofes e crimes em massa. Corpos, objetos e cenas de crime são criados/recriados, digitalizados e incorporados ao espaço judicial como prova de massacres ou genocídios. Os dispositivos tecnológicos criados pela equipe coordenada por Virginia Vecchioli se distinguem por sua capacidade de performar cenários críticos, servir como evidência judicial em processos criminais e atuar como espaços de memória coletiva. Analisaremos como esses dispositivos contribuem para moldar e criar um imaginário coletivo sobre catástrofes e crimes em massa. Nosso objetivo é refletir sobre as diferentes dimensões que permitem que esses dispositivos atuem como "documentos" de catástrofe e sejam admitidos legitimamente na arena judicial como evidência material de violência, apesar de terem uma relação desafiadora com a "realidade". Ao contrário da fotografia tradicional, não há um mundo externo a ser capturado; a "realidade" é produzida por meio de um complexo processo curatorial realizado por seus produtores. Para tanto colocamos o foco em duas experiências com base  em dois cenários nacionais: Argentina e Brasil. Trata-se da recriação de um centro clandestino de extermínio da última ditadura da Argentina (1976-1983) e a recriação do incêndio da boate Kiss que causou 242 mortes no Brasil (2013). No primeiro caso, o centro de extermínio “desapareceu” quando os militares o destruíram antes do fim da ditadura para tentar apagar as provas do genocidio. No segundo caso, o incêndio transformou a boate Kiss em uma confusão de ferros retorcidos e tetos desabados, tornando impossível reconhecer sua aparência anterior. Neste 2024 a íntegra da boate foi derrubada.


A explicação do processo curatorial nos permite vislumbrar uma parte do complexo e intrincado vínculo entre realidade e ficção inerente a esses recursos e os desafios que eles apresentam. Essas características dão origem a vários desafios: até que ponto esses dispositivos redefinem nossa relação com o confronto com os horrores dos crimes em massa? Que tipo de imaginário coletivo promovem essas tecnologias? É um retrato da história real ou uma narrativa ficcional? Como eles performam a realidade dos crimes? Como eles produzem uma ilusão de consenso aceitável por todas as partes envolvidas no debate judicial? Descreveremos as propriedades desses dispositivos e os tipos de recursos empregados para reconstruir esses cenários dramáticos. Esta apresentação se baseia em entrevistas aprofundadas com juízes, promotores, sobreviventes, observações de audiências judiciais, pesquisas documentais e conhecimento íntimo do processo obtido por ser responsável pela criação desses recursos digitais interativos.


Virginia Vecchioli é professora da UFSM e Coordenadora de Intercâmbios Internacionais da REBRAPESC.

22 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page